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Arquivo mensal: julho 2011


Definitivamente não dá. A alienação é muito grande! Às vezes, entre um e outro canal, passo por uma dessas redes com “programas evangélicos”. Paro e tento assistir, mas é de lascar!
Não tenho nada contra os pobres, aliás, nesse país de corruptos sou também mais um pobre lutando pra melhorar de vida. Mas sou contra os pobres de espírito, que só são assim porque sequer abrem o tesouro da Palavra que Deus lhes deu de graça. É gente que entre a Palavra de Deus e a palavra do profeta fica com a palavra do profeta, por mais absurda e contraditória que seja essa palavra.
Pra quem não conhece a Verdade, qualquer palavra se torna verdade.
Em sã consciência não dá pra ficar diante desses ambulantes da fé por muito tempo. Aliás, não me lembro de ter assitido a um desses programas evangélicos do início ao fim. De modo geral acabo vendo, na maioria das vezes, um bando de ladrões usando o nome de Deus; tomando o nome de Deus em vão. Sinceramente, creio que boa parte desses pastores mercantilistas é constituída de ateus. Estão apenas disfarçados de pastores. Eles não temem as conseqüências; e não as temem porque não crêem em Deus. Colocam na boca Daquele em quem não crêem o que Ele nunca disse. Mentem descaradamente! E mais: não pregam a Bíblia, porque não a entendem (ou a desprezam). Antes, pregam a si mesmos, pregam suas neuroses, suas convicções egoístas e mesquinhas. Vivem de estorquir os pobres para encherem seus cofres pessoais.
A estes Jesus dirá no dia do juízo final: “Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade.” (Mateus 7:23). O contexto bíblico revela que Jesus se referia aos que se levantavam como líderes e pastores do povo.

Definitivamente, não sou esse “evangélico” dos brasileiros manipulados por tele-evangelista em busca de fama própria. Sou sim um cristão no sentido mais puro da palavra. Pelo menos tento ser. Tento ser um pequeno Cristo, que é o significado original do termo “cristão”. E quanto mais eu tento parecer com Cristo, mais me causa asco essa tranqueira toda, dita em nome de Deus, em franca oposição a tudo o que o Senhor pregou e viveu.
Não é de hoje que os manipuladores usam o nome de Deus, passando-se por cristãos para se enriquecerem. Soube que certa vez perguntaram a Mahatma Gandhi se ele cria no cristianismo. E sua resposta foi: “No vosso Cristo eu creio, no vosso cristianismo não”.
Deus nos dê sabedoria e entendimento para nos livrar da arrogância disfarçada de evangelismo, do egoísmo vestido de piedade, do mentiroso maquiado de verdade. Deus nos livre da ignorância de seguir quem não segue a Jesus.
Jesus censurou duramente aqueles que pregavam a mentira. “Ai de vós, guias cegos, que dizeis: Quem jurar pelo santuário, isso é nada; mas, se alguém jurar pelo ouro do santuário, fica obrigado pelo que jurou!”( Mateus 23:16 )
O Evangelho da Palavra é o evangelho da cura sem nenhuma corrente de 21 dias, da graça sem culpas adicionais, do perdão sem qualquer precinho por fora, da presença de Deus sem exibicionismo pessoal. O Evangelho da Palavra é o Evangelho da simplicidade e da inteligência, onde a razão e a fé andam juntas e se sentam nos mesmos bancos, acompanhadas das amigas Hermenêutica e Exegese.
Duas palavras finais. A primeira direcionada às ovelhas: “Ninguém vos engane com palavras vãs; porque, por essas coisas, vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência”. (Efésios 5:6).

A segunda palavra é direcionada aos pastores de si mesmos: “Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto! —diz o SENHOR. Portanto, assim diz o SENHOR, o Deus de Israel, contra os pastores que apascentam o meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e delas não cuidastes; mas eu cuidarei em vos castigar a maldade das vossas ações, diz o SENHOR. Eu mesmo recolherei o restante das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; serão fecundas e se multiplicarão.” (Jeremias 23: 1-3).
Por: Samuel Costa

Uma igreja comprometida com o Evangelho!

A Bíblia nos ensina que “Jesus amava à Marta, e a sua irmã e a Lázaro” (Jo 11:5). Além disso, nos ensina que dos 12 discípulos que Jesus tinha, 3 eram mais próximos dele (Pedro, Tiago e João) e destes 3, havia um que era ainda mais próximo, o qual a Bíblia chama de “o discípulo amado” (Jo 19:26).
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A princípio, isso me despertava uma certa indignação. Afinal, não diz a Bíblia que Deus não faz acepção de pessoas?1 Não deveria Jesus amar a todos de igual maneira? Por que, então, as Escrituras dizem que Jesus amava a algumas pessoas em particular?
Descobri que realmente Deus não faz acepção de pessoas, mas algumas pessoas conseguem tocar mais o coração de Deus do que outras. Há níveis em nossa experiência com Deus. Alguns o experimentam somente com lóbulo frontal do cérebro. Outros o experimentam com o coração. Alguns buscam sua face. Outros buscam suas mãos somente.
Para Deus, o ser vem antes do fazer, e o estar antes do abençoar. Deus está interessado em nos abençoar, mas está mais interessado em ter comunhão conosco (e que todas as bênçãos derivem desta comunhão). A Trindade é um exemplo de perfeita comunhão, perfeita, indissolúvel e existente antes da criação do mundo, e Ele quer nos incluir neste círculo de amor e intimidade. O Pai se contentou tanto em seu Filho que resolveu aumentar sua família e cloná-lo na Criação. Ele quer estar em nós, assim como está em seu Primogênito, quer dar amor e desfrutar de nosso amor, assim como o faz com o Primogênito.
Sim, Deus está interessado em que o sirvamos, mas está mais interessado que estejamos apaixonados por Ele e que busquemos sua face. O Senhor não quer as nossas obras. Ele quer nosso coração. Ele quer que, como o discípulo amado, nos reclinemos sobre seu ombro, escutemos as batidas de seu coração e os segredos que Ele quer conosco compartilhar. Ele quer que, assim como Maria, quebremos diante dele o alabastro de nosso ser, liberando o aroma suave de nossa mais genuina adoração, mergulhando nesta linda relação de amor, ignorando o preconceito e as convenções sociais/religiosas que nos acanham.
De fato, Deus não faz acepção de pessoas. Ele oferece a todos a mesma quantia infinita de seu amor. Mas as Escrituras nos ensinam que algumas pessoas provocam a manifestação deste amor em uma maior intensidade. Enquanto alguns buscam a Deus como Pai, outros somente o usam como um analgésico.
Vivemos em tempos de consumismo religioso, onde as Boas Novas são oferecidas como um mero produto para o benefício do consumidor. A experiência que muitos têm com Deus está limitada a ler uma lista de pedidos diante d’Ele. Outros, usam a Deus como uma espécie de aspirina quando “têm uma dor de cabeça”. Muitos outros estão na maratona do ativismo religioso para “ficar bem na fita” e reservar seu lugarzinho “no céu”. Mas quantos estão interessados em “serem amados por Ele”?
NOTA
[1] Dt 10:17, Ef 6:9, Tg 2:1 e 1 Pe 1:17.

© Pão & Vinho
Este texto está sob a licença de Creative Commons e pode ser republicado, parcialmente ou na íntegra, desde que o conteúdo não seja alterado e a fonte seja devidamente citada:http://paoevinho.org.

Uma igreja comprometida com o Evangelho!



Quando todos nos julgam,
sem entender o que sentimos;
Quando Todos se mostram
indiferentes à nossa dor;
Quando muitos se afastam
no momento em que mais precisamos de ajuda;
Quando as atitudes alheias
nos surpreendem com descaso;
Quando nos parece que tudo ao redor é caos,
e nos falta o calor da aceitação e da palavra amiga,
Devemos lembrar que foi isto
que aconteceu ao Cristo
e justamente por ter vivenciado essas circunstâncias,
Ele pode compadecer-se de nós
e cumprir o que disse:
Estará conosco em todo tempo!
E jamais estaremos sozinhos.
Por: Luciana Rodrigues – cristã, historiadora, educadora, cinéfila, poetisa, leitora compulsiva, meio psicanalista e meio teóloga, autora do blog Tende ânimo!

Uma igreja comprometida com o Evangelho!


Desafiando Gigantes conta a história de um treinador (Grant Taylor) que há seis anos está à frente do time de futebol americano Shiloh Eagles, e nunca levou sua equipe às finais. O fracasso invade sua casa, quando descobre que não pode ter filhos com a esposa. Ao mesmo tempo, Grant descobre que pode ser demitido. É quando ele ora a Deus e recebe a mensagem de um visitante inesperado. Nesse instante, o treinador irá desafiar tudo e todos, a fim de provar que Deus lhe deu coragem e força para vencer.
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Introdução:
Imagine você um homem de cerca de quarenta anos, nascido em família tradicional de sua terra, filho de um rei (Amoz 1.1 – isso pode explicar o livre acesso que tinha ao palácio), casado (8:1), com pelo menos dois filhos (7:3; 8:3) e certamente cheio de projetos. Imaginou? Pronto, era assim o Isaías tão conhecido da Bíblia. O homem que escreveu o maior livro de profecia do Antigo Testamento que é considerado por muitos estudiosos o quinto evangelho, era um homem comum com todos os anseios e temores que todos nós passamos. Estou tentado a pensar que o grande sonho da vida dele não era exatamente passar quarenta longos anos sendo hostilizado pelas pessoas, tido como um louco para muitos devido à mensagem que pregava. Mas foi justamente isso que Isaias teve que passar. Tudo por conta de um chamado.
Mas aí você pode se questionar: “Tudo bem, ele passou por tudo isso, mas foi chamado por Deus, ele tinha essa obrigação” e muitos podem até dar graças a Deus por não tê-la. Isso em partes é verdade. Nem todos são chamados ao ministério da Palavra, que se confunde com a profecia, mas todos, sem distinção, são chamados por Deus para fazer algo na Terra. Pode ter certeza que Deus jamais colocou alguém nesse planeta sem que tenha sido chamado para algo. Uns foram chamados para serem médicos, outros engenheiros, existem aqueles vocacionados a serem bons motoristas, garis, músicos, enfim, cada um de nós tem um chamado de Deus para algo e muitos já até desempenham este chamado, o que resta saber é se Deus tem um chamado especial para nós e como esse chamado é feito. Viu? Você já começou a se encaixar novamente na história!
Sabendo que todos agora já estão novamente inseridos no ambiente do texto lido, podemos tentar identificar algumas características do chamado feito a Isaías e como esse chamado pode se dar em nossas vidas.
Elucidação:
Isaías viveu no período do reino dividido quando Israel estava sendo devastado pelos Assírios que também invadiram Judá restando apenas a capital Jerusalém. Após usar os primeiros cinco capítulos do livro pregando as primeiras advertências contra o povo mostrando toda a ira de Deus contra a nação de Israel que havia se desvirtuado do seu caminho e que por isso iria sofrer a invasão de povos ímpios, Isaías chega ao capítulo 6 e começa a ser mais pessoal na sua escrita. Ele para e fala um pouco sobre uma experiência que havia passado e que muito lhe marcou, a qual não poderia ficar de fora do seu livro. Isaías muito provavelmente foi criado em lar judeu, ensinado para agir como tal, e é provável que já sentisse o chamado do Senhor para servi-lo antes desse evento, todavia, o capítulo 6 nos traz o relato de um chamado específico para o ministério da profecia (esse período provavelmente se deu entre os anos de 740-680 A.C.) que provavelmente ele já exercia. Ele começa falando sobre a pessoa que lhe chamou para trabalhar, ele apresenta o seu chefe e quais as suas qualidades.
1.       Como Deus se apresentou a Isaías
1.1   O contexto do chamado (v. 1a No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono)
Isaías registra o ano em que aconteceu o seu chamado (muito comum ainda hoje as pessoas decorarem o dia em que foi resgatada por Deus, e o dia que se sentiram vocacionadas por Ele a fazerem determinado trabalho) relatando que havia ocorrido quando o rei Uzias (Azarias) havia morrido. Isaías havia nascido mais ou menos na metade do reinado de Uzias e viu toda a segunda parte do seu reinado até o seu fim. A imagem que o profeta tenta trazer é de um trono vazio. Ora o povo de Israel que tanto havia pedido um rei para governar a sua terra rejeitando o próprio reinado do Senhor, havia experimentado um tempo de considerável prosperidade na época de Uzias, mas com a morte do rei o povo poderia estar muito abalado(o rei foi tratado por vezes nos Salmos como um pastor do povo). O interessante é que o profeta usa dessa possível angustia do povo para lembra-los que aquele rei rejeitado por eles continuava reinando soberanamente. Isaías diz que viu (teofania) o Adonai (Senhor Soberano, aquele que domina sobre todas as coisas e tem poder real sobre elas) em um trono no ano da morte do rei que tanta prosperidade havia trazido para o povo. Não era qualquer trono, a qualificação descrita por Isaías era de um trono alto e sublime o trono em que Deus governa cada um de nossos dias.
Aplicação: A primeira aplicação do texto já está logo na primeira linha, por mais que nós não enxerguemos a ação soberana de Deus, ele está governando nossas vidas. O povo havia passado muitos anos sob a administração de Uzias e pensavam que a prosperidade viria deste rei, todavia, esse rei era um homem limitado e teve seu fim, o que seria agora de Israel? Ora, o Senhor continua assentado no trono, ele governará as nossas vidas, passam os governantes, perdemos empregos, nossos sonhos são esmagados, mas o Senhor continua no seu alto e sublime trono e essa é a maior esperança que podemos ter, Deus sentado governando a nossa história. Aleluia!
1.2 Quem é aquele que chama
v.1b A Glória de Deus
Isaías continua descrevendo o que viu, passando agora a falar sobre aquele ser que o chamara e que estava no trono de sua visão vocacional. Ele relata que as abas das vestes desse rei enchiam todo o templo. Somos levados a crer que o templo falado no versículo não se tratava do templo terreno(cf. FF Bruce), mas sim do templo celestial onde o rei Todo Poderoso decreta suas ordens e governa todas as coisas. Dessa forma, se encher um templo terreno seria impossível para glória de qualquer rei terreno, o Rei que governa todas as coisas e que estava chamando Isaías para uma obra conseguia encher todo o templo celestial apenas com as orla de suas vestes. O Senhor soberano preenche todo o céu com a sua glória. Essa apresentação feita a Isaías tem a intenção de mostrar-lhe quem é aquele que irá lhe chamar para que ele atente sobre o tamanho de sua responsabilidade.
Aplicação: Antes de pensarmos em nos eximir do chamado é muit interessante atentarmos para o poder em glória daquele que nos chamou. A majestade do Senhor é maravilhosamente descrita por Isaías e nos constrange a lamentação frente a nossa parcimônia no que tange a obra posta sob nossa responsabilidade. O rei que nos convoca ao trabalho gere toda a Terra e preenche cada lugar com sua glória, portanto, nossa rebeldia em não atende-Lo jamais poderá ser encoberta, pois ele está em todos os lugares a nos vigiar.
v. 2-4 A sua Santidade
O profeta agora começa a falar sobre alguns seres que ele viu sobre o trono do rei, ele os chama de serafins. Segundo FF Bruce tais seres são similares ao encontrados em Números 21:6, onde a imagem de uma serpente é levantada para curar aqueles que foram picados por cobras. Pois é, para tristeza de muitos que imaginam os serafins daquela forma tradicional com corpo humano e com asas nas costas, a imagem traçada por Isaías é bem diferente. A visão é de serpentes aladas, sim, isso mesmo, cobras com asas! Esses seres demonstram toda a sua reverência diante do rei encobrindo seu rosto para não verem a glória de Deus (a partir de agora pense duas vezes em cantar que quer ver a glória de Deus) e seus pés expressando a condição indigna de estarem diante do rei.
Os serafins repetiam a mesma frase e isso chamou a atenção de Isaías, eles diziam: “Santo, Santo, Santo, toda a Terra está cheia da sua glória”(v.3)(Sinclair B. Ferguson diz que a palavra santo aqui aplicada tem o significado de “cortar”, “separar de” “ser posto a distância”.) O termo utilizado aqui (quadosh) nos traz a mente a apresentação representativa da santidade do Senhor.
Uma outra constatação nessa parte do texto é que não era apenas o templo que havia sido preenchido com a glória de Deus representada pela fumaça? Não, os serafins declaram a onipresença da glória de Deus que preenche tudo, e mais uma vez, agora no verso 4, vemos que o piso do templo celestial tomado pela glória de Deus começa a tremer, evento comum nas narrativas que falam da glória de Deus (imagine se o piso tremia, como estava Isaías?).
 É bom que se diga que a repetição tríplice da palavra “santo” há sim a possibilidade de uma relação com a trindade bendita, mas assim como afirmou Calvino, essa repetição traz a ênfase dada pelos serafins à santidade plena do nosso rei.
2.       A constatação de Isaías quando apresentado diante de Deus (v.5)
Ao contrário do que muitos dizem que diante de Deus da vontade de fazer até umas coisas bem estranhas como pular, correr, gritar, Isaías disse: Estou perdido! Mas que constatação é essa profeta? Sim, alguém quando é apresentado a Santidade do Deus da Bíblia e sabe o quão temível ele é, a única coisa que pode sair de sua boca é isso mesmo, estou perdido! Não dá pra pensar em outra coisa quando tomamos conhecimento de um Deus tão Santo e bom ao tempo em que olhamos para nós mesmos e só enxergamos o pecado. A vontade que dá é sair correndo da presença Dele. Não foi isso que fizeram Adão e Eva? Sim, eles se esconderam porque tiveram ciência do seu pecado e sabiam não poderia mais ficar diante do Senhor sem serem fulminados. O interessante de Isaías é que ao contrário de Adão, ele não se exime da culpa, antes se identifica como pecador no meio de um povo também pecador. Ele estava ciente de sua incapacidade de se achegar a Deus, mas diante da sua santidade em contraste com a depravação do povo da aliança e do próprio Isaías ele se desespera.
Essa atitude é recorrente naqueles que tiveram um verdadeiro encontro com o Senhor. A constatação do profeta é que era totalmente incapaz de fazer algo perante aquele Deus. O verbo utilizado para “estou perdido” se encontra no nifal, voz passiva que indica que o profeta. O significado do verbo é cortar, dessa forma é como ele dissesse que estava sendo cortado. Especificamente Isaías declara sua incapacidade que o levava a não estar pronto a profetizar em nome do Senhor. Ora, alguém que estava sendo vocacionado justamente para proferir palavras vindas do trono da graça se considerava impuro, não só ele, mas toda a nação onde ele vivia. Como Isaías poderia ser usado por Deus como profeta se ele mesmo tinha certeza de seus pecados e de sua incapacidade para tal obra? Isaías se encontrava diante do Deus Todo Poderoso assistindo os anjos O glorificando com toda reverência e temor, enquanto ele estava estatelado a frente do Senhor sem conseguir dizer uma palavra sequer.
Aplicação: Na verdade, essa constatação de incapacidade, ao contrário do que possa parecer, não leva o vocacionado a ser impossibilitado de prestar o serviço ao Senhor. Antes, essa atitude de humildade e arrependimento é condição sine qua non para que o Senhor da obra nos capacite a ela. O arrependimento nos coloca em uma nova posição diante de Deus, pois sabemos que Ele não rejeita um coração contrito e quebrantado e certamente seremos tratados assim como o foi Isaías. Portanto, diante do Deus Todo Poderoso todos nós precisamos nos considerar como impuros e aguardamos que sua graça nos alcance e nos transforme para glória Dele mesmo.
3.       O toque transformador de Deus (v.6,7)
Se existe algo que separa o homem de Deus, e nós sabemos que existe, esse algo é o pecado. Essa é a visão da teontologia de Isaías, um Deus santo que não pode se contaminar com o pecado. No Antigo Testamento a ênfase que sempre é dada a santidade de Deus, muito mais que denotar sua majestade, nos traz o entendimento de um Deus que é separado do mundo pecaminoso, que não se contamina com o mal e que não pode se relacionar com um ser pecador. Não há possibilidade de manter um relacionamento com Deus quando o pecado nos separa. Sabendo disso, o Senhor providenciou a solução. No verso 6, Isaías nos diz que o serafim voa até o altar de Deus e de lá tira uma brasa. Vemos claramente nesta descrição que o altar onde os sacrifícios eram feitos prefigurava a cruz de Cristo de onde realmente essa brasa havia sido tirada. No caso de Adão ele lhes deu folhas para encobrir suas vergonhas, no caso de Isaías ele manda um serafim lhe tocar os lábios e lhe perdoar os pecados, mas acima de tudo, sabemos que todas essas coisas eram sombras dAquele que viria retirar esse impedimento de uma vez por todas, aquele que levando sobre si a maldição do pecado nos trouxe paz com Deus (Rm. 5). O Senhor Jesus Cristo cravado naquela cruz nos dá a oportunidade de não nos achegarmos mais a Deus com medo que ele nos fulmine, mas escondidos na cruz bendita nós temos livre acesso ao trono da graça. Aleluia!
Aplicação: O problema é que nem todos foram tocados ainda. Ainda existem muitos, não sei quantos que lerão este texto, que precisam ser transformados pela graça do Senhor para poderem se achegar ao seu trono e serem chamados para sua obra. Vejamos que Isaías primeiro temeu e só depois foi tocado. A necessidade primeira de todo aquele que se achega a Deus é de saber sua real condição. Precisamos nos sentir pequenos, miseráveis e incapazes diante de um Deus tão santo. Certamente, quando estivermos humilhados e de corações contritos ele dirá o mesmo que disse a Isaías o que falaremos logo em seguida.
v.7 Imediatamente após o serafim tocar a boca de Isaías ele é alegrado com uma afirmação. O profeta está perdoado. A dívida de pecado que o assombrava até pouco tempo atrás está cancelada. Que maravilha! Quer dizer que agora está tudo resolvido, posso continuar minha vida aqui no palácio onde vivo e esperar o dia que o Senhor me levar? Não! Na verdade, não deve nem ter havido tempo para o profeta pensar nisso, pois logo em seguida ele ouve uma voz que diz:
“A quem enviarei, e quem há de ir por nós?
O chamado (v.8)
O propósito de Deus em tudo isto acaba ficando bem claro quando lemos essa pergunta. O Senhor governador dos céus e da Terra faz um questionamento que soa até mesmo curioso aos nossos ouvidos. Como um Deus soberano ainda pergunta quem quer ir realizar a sua obra? Ora, ele tem vários serafins que o servem plenamente e poderiam fazer tal obra com extrema eficácia. Então, porque será que Ele pergunta isso? A resposta está registrada em Hebreus capítulo 2 a partir do verso 5 ao 16. O pacto de obras feito com o homem no Éden e quebrado por ele próprio para ser restaurado, teria que ter a ação eficaz de um outro homem. Não sendo o homem nascido da carne capaz de restaurar essa aliança, Deus envia seu filho que tomando a forma de homem se humilha e se faz menor que o próprio homem para satisfazer as exigências do seu Pai e trazer de volta a paz e reconciliação do pacto. Assim sendo, apenas um homem é capaz de falar sobre esse pacto, a pregação fala em nome de Cristo, o pregador é o representante divino quando expõe as Escrituras, e apenas ele poderia assim fazê-lo, pois a aliança foi justamente com esse ser pecaminoso e não com os anjos.
 Ao olhos humanos, se eu estivesse no lugar do Altíssimo talvez usasse um instrumento mais confiável, mas ele resolveu fazer essa pergunta justamente para os homens, sim aqueles pecadores miseráveis que falamos em linhas anteriores, tudo isso por que o Senhor honra a aliança feita conosco.
 O que chega a ser mais curioso é que ele nem força o homem a aceitar, até porque não é necessário. Aquele mesmo Isaías temoroso de pouco tempo atrás, responde ao chamado imediatamente. Prontamente ele diz: eis-me aqui, envia-me a mim. É de se estranhar? Não, não deveria.
        Vimos que Isaías temia a Deus devido os seus pecados, mas assim que ele é surpreendido com a graça do perdão (e ainda tem gente que acha que no AT alguém era salvo por obras) imediatamente lhe sobrevém uma vontade imensa de cooperar com a obra do Senhor. Sim, assim mesmo, ele nem pensa duas vezes. Então, por que será tão difícil os crentes de envolverem na obra de Deus hoje? Já vimos que nem todos foram chamados para serem ministros da Palavra, mas certamente todos foram vocacionados para evangelizar, ou então o que fazer com aquele verso de Mateus quando Jesus diz: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações…”(Mat 28) ou então aquele de Marcos 16:15 “Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura”? O que falta não é chamado, mas sim resposta.
4.       A missão (v. 10-12)
Talvez muitos se animem hoje e vejam nesse chamado uma forma de conseguir ter algum tipo de sucesso na vida. Talvez, alguém se anime até mesmo a ser missionário, pastor, evangelista, presidente de alguma sociedade, pelo simples fato de achar que levando o nome de Jesus nessa empreitada acontecerá mais ou menos como aqueles comerciais sensacionalistas “seus problemas acabaram”. Podem pensar: “Lógico, Jesus me chamou para obra ele vai me dar do bom e do melhor, e tudo que eu fizer vai dar certo.” Ledo engano de quem pensa assim. Pessimismo meu? Não, veja o que o Senhor mesmo preveniu que aconteceria quando Isaías começasse seu ministério.
        Já no verso 10 imediatamente após resposta positiva de Isaías para o ministério, Deus já mostra o que lhe esperava. O Senhor manda (os verbo estão no imperativo) o profeta falar a nação pecadora e diz que à medida que ele profetizasse o povo ao invés de se converter teria seu coração endurecido. Pronto, agora acabou tudo! Como é que o Senhor quer que eu pregue e ainda me diz que não vai permitir que as pessoas se convertam? É difícil de aceitar, mas fácil de entender. A pregação da palavra de Deus segue dois caminhos. Ela salva aqueles que se convertem quando confrontados com seus pecados, e serve também como prova da culpa dos que não aceitam a sua mensagem, é justamente aqui que se encaixa aquele pecado sem perdão. A blasfêmia contra o Espírito Santo nada mais é que a rejeição de Cristo de sua obra, portanto, o Senhor designou Isaías a profetizar para que aqueles de coração duro fossem colocados no inferno por sua própria opção(cf. comentários da Bíblia de Genebra).
        Essa situação foi tão surpreendente a Isaías que ele aterrorizado pergunta até quando isso duraria (v. 11). Prontamente no verso seguinte o Senhor lhe dá a resposta. Israel será totalmente arruinado. O pecado do povo acendeu a ira de Deus e ele diz que mesmo Isaías pregando, a Sua sentença de destruição se cumpriria, como realmente se cumpriu anos depois com a invasão da Babilônia levando toda a glória de Israel embora. O povo vira escravo. O profeta continua aterrorizado quando surge uma luz no fim do túnel. No verso 13 o Senhor compara Israel com uma árvore e diz que cortará essa árvore e a despedaçará, mas Ele sabe que sempre que se corta uma árvore ainda resta um toco. Esse não se tira facilmente, e é justamente a partir desse toco que essa árvore se reerguerá. Haverá sempre um remanescente em Israel.
Aplicação: Por mais que a igreja seja infestada de pessoas que nunca tiveram uma experiência com o Senhor, por mais que elas continuem em nosso meio sendo passivas com tudo que acontece, quando não perniciosas em seus anseios, incitando contendas entre os irmãos, chegará um dia que o Senhor as arrancará do nosso meio e nesse mesmo dia restará apenas o toco. Esse toco não é outro se não a noiva do cordeiro que será adornada e florescerá novamente para seu noivo. Esse era o grande sucesso que esperava Isaías no seu ministério, por isso, não devemos nos deixar iludir por promessas de sucesso mundano nas nossas atividades designadas pelo Senhor, pois o sucesso que nos é prometido é que esse toco permanecerá e dele nascerá um nova árvore frondosa e agradável, e certamente nela os bons frutos sempre estarão presentes.
Aplicações Finais
Que possamos sempre nos alegrar com a alegria de sermos escolhidos por Deus para sua obra.
Que o Senhor nos faça tremer a cada dia diante da sua Glória, Poder e Santidade.
Que aqueles que um dia foram tocados por Ele entendam o seu chamado e atendam a Ele imediatamente, dispostos a servi-Lo sem esperar no sucesso aos moldes terrenos, mas naquilo que o Senhor mesmo já planejou para nossas vidas.
Que por fim, aqueles que ainda não o conhecem tremam diante Dele nesta noite por haverem sido apresentados diante dAquele que é três vezes Santo, que governa a Terra e os céus, e que cortará para sempre de sua presença a árvore que não lhe der bons frutos.
   
     Por: Presb. Augusto Brayner

Uma igreja comprometida com o Evangelho!

Autor: Mark Baker

Jesus, o maior psicólogo que já existiu faz uma abordagem original da relação entre ciência e religião, ligando os principais ensinamentos de Jesus às descobertas recentes da psicologia.
Com base em sua experiência como terapeuta e no seu profundo 
conhecimento da Bíblia, Mark Baker demonstra por que a mensagem de Cristo é perfeitamente compatível com os princípios da psicologia: ela contém a chave da saúde emocional, do bem-estar e do crescimento pessoal.
Em uma linguagem simples e cativante, ele mostra que, seja qual for a nossa crença religiosa ou filosofia de vida, todos podemos nos beneficiar da sabedoria daquele que, como diz o 
autor, foi o maior psicólogo de todos os tempos.
Organizado em dezenas de lições concisas, este livro é uma 
coleção de valiosos exemplos práticos sobre como essa sabedoria comprovada pelo tempo pode nos ajudar a resolver os problemas do cotidiano, a repensar atitudes e a praticar o perdão, a solidariedade e a lealdade, valorizando nossas vidas e nossos relacionamentos com mais amizade e amor.

Uma igreja comprometida com o Evangelho!

Os desenhos animados devem ter me dado as primeiras impressões a respeito de Deus: eu o imaginava um ho­mem desgrenhado e peludo, de olhar penetrante, de dedo em riste em minha direção. Embora fosse obviamente uma pessoa boa, Deus parecia tão distante e intangível quanto um velho e enfadonho professor da escola, al­guém que dava ordens rígidas e esperava obediência.
Como conseqüência, por um longo tempo durante o ensino médio não me voltei para Deus com meus pro­blemas. Eu ligava para Kathleen, minha melhor amiga, e despejava em detalhes minha história.
Deus parecia muito retirado da minha vida agitada de ginástica em equipe, de campainhas da escola, de namoros, de programas de TV. Nunca consegui imagi­nar onde ele se encaixaria.
É quase como se eu houvesse me esquecido de Deus — como se estivesse segurando uma correia com um leão na ponta e tivesse me esquecido que o leão estava ali. E provável que inconscientemente eu estivesse querendo esquecer todas aquelas imagens de desenho animado de um Deus severo e agourento. Era impressionante. Aque­la altura eu cria que Deus, o Criador do universo, havia escolhido estar intimamente envolvido em minha vida, e, no entanto, eu era capaz de passar muitos dias sem sequer pensar a seu respeito.
Um dia, na escola, fiquei sabendo pela Kathleen que seu pai havia sido transferido para outra cidade. Fi­quei arrasada. A única pessoa em quem eu confiava ia me deixar.
Reagi à notícia como uma criança — com lágrimas e com raiva. Com quem eu estava decepcionada? Não te­nho certeza; senti apenas um profundo sentimento de perda. Nós duas havíamos passado anos construindo um relacionamento de confiança, de modo que podíamos falar sobre absolutamente qualquer coisa. Não consegui encarar nossa amizade interrompida. Afastei-me das outras amigas, recusei convites para festas e comecei a ficar com pena de mim mesma. Em quem eu poderia confiar a partir de agora?
Uma coisa estranha aconteceu. Tão logo Kathleen se foi, comecei a voltar-me para Deus. No começo me aproximei dele com hesitação, quase que com vergo­nha. Será que poderia confiar nele para cuidar dos de­talhes de minha vida? Eu me esquecia dele com facili­dade; será que ele se esquecia de mim com a mesma facilidade?
De algum modo me senti melhor sendo honesta com Deus. Descobri que não precisava estar no alto de uma montanha para comunicar-me com ele. Eu podia falar com ele na sala de aula, em meu quarto — qualquer lugar. Ele não parecia aquele professor severo; parecia mais um amigo.
Os salmos na Bíblia me encorajaram a me abrir com Deus. Os salmistas levavam sua raiva, sua dor e sua amar­gura a Deus. Em resposta, ele não os esmagava com um fardo pesado de culpa ou repreensão: ele lhes dava cura e consolo.
No processo de voltar-me para Deus, aprendi uma coisa. Eu costumava pensar que minha vida tinha valor somente quando estava repleta de coisas agradáveis. Eu me cercava de amigos leais e felizes. Escolhia atividades escolares nas quais sabia que seria bem-sucedida. Ao conversar com meus pais, evitava assuntos sobre os quais discordaríamos. Talvez fosse por isso que eu recuava com aversão diante da imagem de desenho animado de um Deus severo: pensava que ele tiraria minha felicidade e me ensinaria “o que era bom pra mim”.
No entanto, quando experimentei a dor emocional da perda de Kathleen, dos conflitos com meus pais e o rompimento com meu namorado, fui surpreendida pela perspectiva de Deus. Ele não respondeu a minha dor com frieza; ele me consolou como um pai amoroso. Pro­meteu usar todas as coisas em minha vida para o bem: tornar-me mais parecida com ele. Na maioria das vezes não consigo entender o porquê de certas coisas, mas te­nho aprendido a confiar em Deus, a despeito de tudo. Aquela imagem severa de desenho animado está se apa­gando rápido.

JoAnn Read. IN: Yancey, P. Desventuras da vida cristã.